quarta-feira, março 29, 2006

AGOSTINHO DA SILVA




AGOSTINHO DA SILVA NASCEU HÁ 100 ANOS

Às 20 horas do dia 13 de Fevereiro de 1906 - há um século !!!
- nascia na cidade do Porto GEORGE AGOSTINHO BAPTISTA DA SILVA, mais precisamente na Rua do Barão de Nova Cintra.

Aquariano com ascendente em Virgem e com o Nodo Norte na Casa XI, AGOSTINHO DA SILVA foi uma figura com um apurado sentido crítico, quenão tem paralelo no nosso universo cultural. A vida propôs-lhe uma série de projectos relacionados com trabalhos de grupo, estudos, renovação da vida social e da partilha com os amigos. Foi um canal por excelência de esperanças e de sonhos, através do qual o sentimento de muitos grupos se manifestou. Todos os povos de língua portuguesa dedicam-lhe, hoje, igualmente uma notória atenção quer pela vastidão do seu saber, quer ainda pela qualidade e pluralidade da sua obra.

AGOSTINHO DA SILVA, amigo e companheiro de António Sérgio, foi um"pensador-viajante" que, tal como o próprio afirmou "a única coisa queeu penso é que não estou ancorado em Portugal". No livro "Portugal Amordaçado", MÁRIO SOARES, aluno no Liceu de AGOSTINHO DA SILVA, confessou, por exemplo, "ter ficado marcado pelo seu exemplo".

A GALERIA MATOS FERREIRA, com a colaboração da ASSOCIAÇÃO AGOSTINHO DASILVA e do CORO LOPES-GRAÇA da ACADEMIA DE AMADORES DE MÚSICA associa-se aos inúmeros eventos que, ao longo deste ano e um pouco por todo o lado, irão assinalar a efeméride. A iniciativa terá lugar em Abril e arranca logo no dia 1 - data em que a GALERIA MATOS FERREIRA perfaz exactamente o primeiro ano de Actividades Culturais - com a actuação do CORO LOPES-GRAÇA da ACADEMIA DE AMADORESDE MÚSICA e, ainda, com a palestra "AGOSTINHO DA SILVA : O POETA"proferida RISOLETA PINTO PEDRO.Seguem-se ainda as seguintes palestras e debates:
* 8 de Abril de 2006 - Sábado, às 21h30: PALESTRA Tema: AGOSTINHO DA SILVA : O FILÓSOFO Proferida por PAULO BORGES.

* 20 de Abril de 2006 - Quinta-feira, às 21h30: PALESTRA Tema: AGOSTINHO DA SILVA : O POETA E O POEMA Proferida por JOSÉ FLÓRIDO.

* 22 de Abril de 2006 - Sábado, às 21h30: PALESTRA Tema: AGOSTINHO DA SILVA : O TEÓRICO DA CULTURA PORTUGUESA Proferida por RENATO EPIFÂNIO.

* 28 de Abril de 2006 - Sexta-feira, às 21h30: TERTÚLIA Sessão Interactiva de leitura e debate das ideias de AGOSTINHO DA SILVA Animada por MARIA FERNANDES, JOSÉ MARÇAL e PEDRO GOMES.

* 29 de Abril de 2006 - Sábado, às 21h30: PALESTRA Tema: AGOSTINHO DA SILVA : O PROFESSOR E O CRÍTICO LITERÁRIO Proferida por MIGUEL REAL.

Para informações mais detalhadas sobre estes eventos ou de outras actividades culturais da GALERIA devem contactar para o seguinte Tlm.:96 295 37 22 ou, em alternativa, ver a página Web: www.galeriamatosferreira.com.

terça-feira, março 28, 2006

PRÓXIMA SESSÃO

Na próxima sessão de dia 5 de Abril teremos como convidado o escritor Alexandre Vargas.

Alexandre Vargas é poeta e tradutor. De poesia publicou «Morta a sua Fala»,«Cyborg», «Vento de Pedra», «Lua Cisterna», «Organum» além de ter participado em antologias, cadernos, etc. Traduziu os músicos-poetas Peter Hammil e Patti Smith. Sintra ocupa um lugar especial no seu imaginário.

Ouçamos o que sobre ele diz Luis Adriano Carlos, o antologiador de "PoesiaDigital - 7 Poetas dos Anos Oitenta":
ALEXANDRE VARGAS, marcado pelo universo pós-simbolista e modernista, e sobretudo pelos fantasmas de Antero, Pascoaes, Sá-Carneiro, Álvaro de Campos e José Gomes Ferreira, é essencialmente um poeta visionário que exprime aconflitualidade interna de uma mitologia pessoal dividida entre um passado naturalista e um futuro cibernético. [...] Poeta que traduz o visionarismoda sua epopeia lírica numa discursividade a um tempo meditativa e narrativa, tecnicamente neobarroca, sustentando a retórica da imagem e os seus efeitos oniristas em mecanismos surrealizantes, mas por vezes cedendo perante a construção alegórica, exibe nas suas criações mais recentes uma forte atracção pela temática luciferina e por um experimentalismo formal vazado em enumerações caóticas, neologismos telescópicos, sinestesias e misturas polifónicas que provocam em certos ângulos uma impressão estética muito próxima de um Ângelo de Lima na sua faceta pré-joyciana.

Alexandre Vargas lê poemas inéditos seus na Tertúlia dos Meninos da Avó.

segunda-feira, março 20, 2006

SESSÃO DE DIA 15/03/06

Dia 15 de Março realizou-se a 29ª sessão dos Meninos da Avó. Como já tinha sido anunciado contamos com a presença do escritor António Augusto Sales, que veio falar da sua obra. A sua participação incidiu sobretudo no poeta António Botto (de quem é autor de uma biografia), de uma forma apelativa foi-nos dando a conhecer a vida e obra deste importante autor, contemporâneo e amigo de Fernando Pessoa. A obra poética de António Botto será mais tarde alvo da nossa atenção.



sexta-feira, março 10, 2006

PRÓXIMA SESSÃO:

Na próxima sessão, dia 15 de Março teremos como convidado na nossa sessão o escritor António Augusto Sales. Este escritor notabilizou-se como o biográfo e estudioso da vida e obra de António Botto, atráves da publicação do livro "António Botto: real e imaginário". Para além da desta faceta tem publicados os seguintes livros: "Uma Longa Estranha Pausa" e "Corpo Inigmático". Um autor residente no concelho de Sintra desde longa data e que nos irá brindar com suas histórias e vivências.
Esta sessão vai decorrer no restaurante Regalo da Gula (quinta da Regaleira) Rua do Barbosa do Bocage, 5 estrada de Seteais.

A poesia está na rua. Não pisar.

segunda-feira, março 06, 2006

CAMILO PESSANHA

Camilo Pessanha nasceu em Coimbra em Setembro de 1867 e morreu em Macau, em Março de 1926, figura singular da poesia portuguesa do início do século XX, o nosso maior poeta simbolista, mereceu a Eugénio de Andrade a justeza destas palavras: “Sempre tive Camilo Pessanha como exemplo da mais alta ascese poética, digamos, um homem da raça de Baudelaire, ou de Cavafy. Pessoa, Pessanha, Cesário, Camões – e agrada-me citá-los assim a contrapelo – foram sempre para mim os nomes supremos da poesia de língua portuguesa”. E ainda aquela vida sua vivida (ou antes desvivida) exemplarmente à margem da impenitente e sentenciosa e sobranceira verborreia nacional, com o poeta apenas empenhado numa crítica da eternidade que era o seu caminhar para o silêncio, mais interessado pelos seus cães que pelos seus contemporâneos.
A tal exemplaridade fiquei fiel para sempre.”


INSCRIÇÃO

Eu vi a luz em um país perdido.
A minha alma é lânguida e inerme.
Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme…


OLVIDO

Desce por fim sobre o meu coração
O olvido. Irrevocável. Absoluto.
Envolve-o grave como véu de luto.
Podes, corpo, ir dormir no teu caixão.

A fronte já sem rugas distendidas
As feições, imortal serenidade,
Dorme enfim sem desejo e sem saudade
Das coisas não logradas ou perdidas.

O barro que em quimeras modelaste
Quebrou-se-te nas mãos. Viça uma flor…
Pões-lhe o dedo, ei-la murcha sobre a haste…

Ias anda, sempre fugia o chão,
Até que desvairavas, do terror.
Corria-te um suor, de inquietação…


INTERROGAÇÃO

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! Nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno…
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez um começo…
Eu não sei que mudança a minha alma pressente…
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Camilo Pessanha, in "Clepsidra"

domingo, março 05, 2006

SESSÃO DE DIA 1/03/06


Dia 1 de Março realizou-se a 28ª sessão dos Meninos d´Avó. Esta sessão ocorreu no restaurante "Regalo da Gula", foi uma agradável primeira sessão neste novo espaço, o tema era livre apesar de se ter evocado duas efémerides dignas de posterior homenagem: os 80 anos da morte de Camilo Pessanha e os 10 anos do desaparecimento de Vergílio Ferreira! Não se proporcionou nenhuma leitura destes poetas na sessão, leram-se poemas de Mário de Sá Carneiro, Herberto Heldér entre outros.


Hilário presenteou-nos com uma performance musical.