quinta-feira, fevereiro 23, 2006

PRÓXIMA SESSÃO:

Depois de um período de dúvidas podemos assegurar já a realização da próxima sessão dos Meninos d´Avó no restaurante o "Regalo da Gula", Quinta da Regaleira Rua Barbosa do Bocage, 5 estrada de Seteais, Sintra (e-mail: regalo_da_gula@sapo.pt). A sessão realiza-se dia 1 de Março e será livre, não temos nenhum convidado especial. Como será a primeira sessão neste novo espaço pretendemos deixar o ambiente e as participações fluirem naturalmente.
Contamos com a presença de todos os Meninos d´Avó! Qualquer dúvida que tenham contactem-nos por mail que iremos fazer os possíveis para as resolver.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

OLÍMPIO NEVES GONÇALVES

Olímpio Neves Gonçalves, natural do Porto, é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da mesma cidade. Para além de alguma publicação dispersa por várias revistas e suplementos literários, com o pseudónimo de Carlos Gabriel, colaborou na plaquete de poemas para Florbela Espanca e na “Antologia a Teixeira de Pascoais”. Em 1962 publicou o livro de poesia “Alguém Mora na Outra Margem” e, em 1962 colaborou na Antologia “Poesia e Tempo”, com outros autores, tais como António Ramos Rosa, Fiama Pais Brandão, Maria Teresa Horta, entre outros.

25

Onde mesmo as telúricas tardes são hálito e
sussuro na terra ardente este acsao em cavalgada
inútil passáros toma por muro intransponível

Canta um pássaro o riso e não se derrama oh
tão espalmado ele voa no lastro das dores que estas
modulam seus muitos idiomas e gorjeios seus soluços
baloiçantes nos flocos do sonho

Dores e riso sim na ternura febril das
ancas da insónia e lágrimas cristais verdes de
lágrimas na vertente radiosa dos rostos cúmplices

Que sôfrega demência ante as diáfanas e rarefeitas
Traições desta hora insubmissa

Resíduo flor supérflua na proa da nave que
paira resvala o efémero gume no vislumbre da lâmina
o eco da elegia o escoa na anemia vítrea das iras



26


E então direis
que a alegria desce do maná
na abundância do deserto
e que a vara
fende na rocha adusta o fio cristalino
da água da ablução de cada dia

Nunca mais
as prostrações ante o bezerro dourado
enfeitado nas tranças falazes da serpente
Nos altares
agora alisados nos musgos e líquenes húmidos
dos cultos mortos o fedor das lajes
há muito abandonados na clareira árida

O riso
irrompe por entre os dentes da claridade
da axila orvalhada da manhã
e orvalho embebe sua oleosa pupila
no beijo da frescura das têmporas

Inocência
das coisas puras Inocência nua na epiderme
exposta à libação do vinho e do pão
repartido pelo sacerdócio das carícias e afectos
As bailadeiras ungidas pela osmose do incenso
Sorvem nas volutas os haustos
Da ébria e sinuosa amplitude dos gestos

A ambrósia
excita as papilas da língua Os sápidos sabores
transmutam-se nas licorosas bodas
espasmos nas virgens seduzidas e prontas

São nossas
as janelas de todos os assomos de todos os abraços
ancorados nas angras de todos os seios
são nossas as velas enfunadas de todos
os veleiros do êxtase

Um novo deus
alcança a beatitude nas alturas envadas
os calmos himalaias inundam na paz do silêncio
os inquietos pensamentos os gafanhotos saltadores
na selva das emoções apaziguadas

Se um deus
ronda nas imediações das províncias da alma
nessa fronteira elástica da vertigem das pátrias
quem o reprovará com palavras indiscretas

Olímpio Neves Gonçalves; in “Os Arquétipos”; Tertúlia, 1996.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

SESSÃO DE DIA 15/02/2006


Helena Langrouva ladeada por Jorge Menezes e Rui Lopo

No dia 15 de Fevereiro realizou-se a 27ª sessão dos Meninos d´Avó. Como foi anunciado tivemos a participação da Helena Langrouva, esta estudiosa de cultura Clássica apresentou o seu livro de ensaios "De Homero a Sophia". Depois de uma apresentação biográfica, a autora (sintrense de nascimento), falou dos seus estudos académicos e gostos adquiridos ao longo de uma vida dedicada à literatura. Declamou Sophia de Mello Breyner Anderson e Camões, foi uma participação muito interessante, ainda ficaram por revelar facetas da nossa convidada o que augura novos encontros para o futuro.

Falando de futuro, nesta sessão também se decidiu em assembleia o caminho que os Meninos d´Avó devem tomar, agora que perdemos com extrema tristeza o nosso poiso de sempre: a Casa da Avó. Decidiu-se que o espírito deve ser mantido e que se deve procurar novo poiso!
De entre as várias hipoteses que surgiram e foram debatidas chegou-se ao Resturante da Quinta da Regaleira. Este espaço ainda não é definitivo mas ficou como a hipotese mais desejável para a realização das nossas tertúlias. Até à próxima sessão (dia 1 de Março) esperamos ter garantido um espaço (provisório ou definitivo) para o nosso encontro!
Mais informações serão aqui colocadas e transmitidas por mail.
O momento poético final foi feito pelo aniversariante Pedro Hilário que nos presenteou com poemas de um poeta seu conhecido: Luís Baltazar. Fica o desejo de dar a conhecer mais deste poeta numa oportunidade próxima. Por agora fica apenas um pequeno Haik:

ACIMA DAS NUVENS
NUNCA CHOVE

Exige-se uma nota final de agradecimento a todos na Casa da Avó pela sua disponibilidade, simpatia e amizade ao longo deste tempo. Desejamos votos de boa sorte para o futuro e prometemos que não se irá perder o contacto e o espírito criado naquele já saudoso espaço!

O aniversariante Hilário brindou-nos com poesia açoriana!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

ESTREIA:

Como o próprio título indica, o enredo de Policial gira em torno de um crime: o homicídio, envolto em mistério, de Anselmo Valenças. O principal suspeito, na opinião do Inspector Raúl, da Polícia de Segurança do Estado, é o irmão do morto, o excêntrico D. Galiano - que insiste em dar uma festa no dia seguinte ao crime. Caberá ao novato detective Armando das Mil Estrelas - e ao seu inconsequente ajudante Hipólito - descobrir o verdadeiro assassino antes do final da festa. Mas as investigações vão revelar-se mais complicadas do que o detective privado esperaria e as surpresas e revelações vão ser muitas...

Casa de Teatro de Sintra: Rua Veiga da Cunha, nº 20, Sintra
• De 16 de Fevereiro a 5 de Março (Quintas, sextas, sábados e domingos às 22h00)

Mais informações em: www.utopiateatro.com

domingo, fevereiro 12, 2006

EVENTO:

O Núcleo de Música da Alagamares-Associação Cultural propõe-lhe, no próximo dia 18 de Fevereiro, Sábado, na Sociedade Filarmónica 'Os Aliados', um Baile de Máscaras fora do modelo habitual, característico dos tradicionais Bailes de Carnaval, prolíferos nesta altura do ano.

Para tal, sugerimos-lhe um espectáculo musical ao som dos Almighty Love e da sua abordagem à World Music, com a participação de elementos dos Kump'ania Al-Gazarra e after-show party com o Dj ManMachine (pop 80s, rock, funk, banda-sonora-de-séries-de-tv-antigas).

Dia 18 de Fevereiro de 2006, Sábado, na Sociedade Filarmónica 'Os Aliados', em S. Pedro de Sintra, pelas 21h30 e até às 2h. Compareça e venha divertir-se com os seus amigos!

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

HELENA C. LANGROUVA

Na próxima sessão dia 15 de Fevereiro iremos ter como convidada a escritora sintrense Helena Langrouva. Em seguida fica uma biografia dos escritos da autora:

Helena Langrouva estudou nas universidades de Lisboa, Paris, Tours, Montpellier e Londres. É licenciada em Filologia Clássica (Lisboa), Maître ès Lettres Modernes - Cinéma (Montpellier III), pós-graduada - D.E.A. (Paris III), M.A. e M. Phil. (Londres) e doutorada em Estudos Portugueses (Lisboa, UNL). Leccionou Literatura Portuguesa Clássica, Teoria da Literatura, Introdução aos Estudos Literários, no ensino superior, com passagem pelo ensino secundário onde leccionou Grego, Latim e Português; foi Leitora de Língua e Cultura Portuguesas nas universidades de Montpellier e Rouen.

Publicações assinadas: Helena Langrouva
“Camões, São João da Cruz e Santa Teresa de Ávila”, em Homenagem a Maria de Lourdes Belchior, Paris e Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1998. Uma versão diferente e ampliada foi publicada com o título: “Viagem interior e via mística: Santa Teresa de Ávila , São João da Cruz e Camões” no volume abaixo indicado De Homero a Sophia. Viagens e Poéticas, 2004.
“As Cartas de Camões: da viagem ao pensamento”, em Humanismo para o nosso tempo- Homenagem a Luís de Sousa Rebelo, Lisboa, edição de que é co-organizadora, com A. A. Nascimento, J. V. De Pina Martins e T.F. Earle, patrocinada pela Fundação Calouste Gulbenkian (distribuída e comercializada pela A.PPACDM - Braga), 2004. Outra versão deste ensaio foi publicada, com o mesmo título, no volume abaixo mencionado De Homero a Sophia. Viagens e Poéticas, 2004.
De Homero a Sophia. Viagens e Poéticas, ensaios, Coimbra, Angelus Novus, edição patrocinada pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, 2004.
Actualidade de Os Lusíadas, ensaios, Lisboa, Revista Brotéria, Abril, Maio-Junho e Julho, 2004.

No prelo:
A viagem na poesia de Camões (tese de doutoramento), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian em protocolo com a Fundação para a Ciência e Tecnologia;
Actualidade de Os Lusíadas, Lisboa, Roma Editora, edição subsidiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, apoiada pelo Instituto São Tomás de Aquino (ISTA).

DIVULGAÇÃO:

22 de Fevereiro, 1, 8, 15, 22 e 29 de Março de 2006
(12 horas – 18h30 às 20h45)

Curso Camoniano I

Dos desafios da escrita e da vida ao humanismo cívico - Revisitando Os Lusíadas e
As Cartas de Camões

por

Helena Langrouva

Este curso permitirá aos inscritos um encontro e/ou reencontro com Os Lusíadas e com duas Cartas de Camões. Dar-se-á prioridade ao estudo das pausas de Os Lusíadas: as invocações e os finais de canto, vendo as suas relações com alguns episódios. Nas invocações, Camões renova a tradição da epopeia clássica e medieval, introduzindo um conjunto de notáveis desafios para a sua própria obra e para todos os vindouros que lutam pela criação de uma obra de arte. O estudo aprofundado dos finais dos cantos (epifonemas) contribui para compreender o que o próprio narrador pensa sobre a epopeia e a sua época, o seu modo de meditar, reflectir, interferir, ter voz, comunicar com os seus contemporâneos as suas preocupações sobre a crise de valores éticos, artísticos, culturais e sociais que perduram no tempo. É a voz do humanista cívico que desafia os seus contemporâneos para a coerência entre o agir e o pensar; que critica, distinguindo o trigo do joio, repondo o sentido original da palavra criticar (gr.krino /lat. cerno): joeirar, ver; que reitera a bipolaridade entre o ser e o dever-ser, e procura ter uma visão distanciada do mundo
Os participantes são ainda convidados à meditação sobre a ligação profunda entre a arte e a vida: o naufrágio de Camões, a consciência do seu próprio valor- sintetizados em Os Lusíadas-, o modo como sentiu a sua época, através das suas Cartas, raramente lidas e conhecidas, a sua denúncia da “pura inveja”de que foi alvo, a sua tentativa de aceitar a vida e de ter uma visão sábia do mundo.
No seu conjunto, este curso convida à meditação, à reflexão e à crítica, para um público alargado, aberto à cultura.
A desenvolver em cursos seguintes.
Este curso destina-se a todos os que se interessam por Luís de Camões e em particular por Os Lusíadas e As Cartas.

Datas: 22 de Fevereiro, 1, 8, 15, 22 e 29 de Março de 2006, das 18h30 às 20h45.
Preço: até 15 de Fevereiro de 2006 – € 90 ("Amigos da Fundação" e Estudantes - € 75). Inscrições Limitadas. Depois de 15 de Fevereiro de 2006, sobretaxa de € 5.

Local: Palácio Fronteira, Largo São Domingos de Benfica, 1, 1500-554 Lisboa.
Informações: Telefone: 21 778 45 99 (Assuntos Culturais) Fax: 21 778 03 57

SESSÃO DE 1/02/06

No dia 1 de Fevereiro realizou-se a 26ª sessão dos Meninos d´Avó. Como já tinha sido anunciado contamos com a presença do escritor João Rodil, a sua participação incidiu na história das referências literárias em Sintra, desde tempos imemoriais (antes de Cristo) até ao sec. XIX!
Esta sessão ficou marcado por uma futura efémeride! A próxima sessão será a última a ser realizada na Casa da Avó! Lamentavelmente e por razões completamente alheias aos Meninos assim como à Paula e ao Luís no fim do presente mês a Casa da Avó encerrara! Tal facto causa-nos um profundo desgosto não só pela perda do espaço assim como pelo simbolismo agregado ao espaço! Na próxima sessão esta problemática será discutida.