Na próxima sessão dos Meninos da Avó dia 7 de Junho teremos como convidado o escritor Manuel da Silva Ramos. O autor virá apresentar o seu último livro "Ambulância" e contará com a presença do ensaísta Miguel Real.
Segue-se uma nota bio e bibliográfica do autor: Manuel da Silva Ramos nasceu em 1947, na Covilhã, onde fez os seus estudos liceais. Estudou Direito em Lisboa mas ao fim de quatro anos abandona a universidade e o país e exila-se em França para fugir ao fascismo. Aos 21 anos ganha o Prémio de Novelística Almeida Garrett de 1968, instituído pela Editorial Inova e Portugália Editora, com Os Três Seios de Novélia. Publica três livros em parceria com Alface: Os Lusíadas (1977), As Noites Brancas do Papa Negro (1982) e Beijinhos (1996). Volta definitivamente a Portugal em 1997 depois de ter ganho uma Bolsa de Criação Literária atribuída pelo Ministério da Cultura. Em 1999 publica Portugal, e o Futuro?, O Tanatoperador, Adeusamália e Coisas do Vinho, com ilustrações de Zé Dalmeida. Em 2000, depois de uma viagem de investigação a Moçambique, publica o seu romance mais ambicioso Viagem com Branco no Bolso. Em 2001, depois de ter ganho uma outra Bolsa de Criação Literária, instala-se durante três meses em Praga, na República Checa, onde escreve Jesus, The Last Adventure of Franz Kafka, publicado em 2002. Em 2003, realiza uma factoficção sobre a sua cidade natal e o mundo dos têxteis: Café Montalto. Tem numerosos inéditos e a sua ficção, como disse um dia Ernesto Sampaio, é uma brisa fresca na literatura portuguesa.
Sobre «Ambulância» escreveu Miguel Real: «Puro O’Neill em prosa, Ambulância corresponde à irrupção actual da veia satírica que tem alimentado a literatura portuguesa desde a sua origem, com as Cantigas de Escárnio e Maldizer e algum teatro de Gil Vicente, corrente abafada pelo espírito da Contra-Reforma entre as segundas metades dos séculos XVI e XVIII, ressuscitada por Bocage, Cruz e Silva, Nicolau Tolentino e Agostinho de Macedo, majestosamente praticada por Eça de Queiroz no século XIX, e, no século XX, cultivada com mestria por Almada Negreiros, Natália Correia, Alexandre O’Neill e Luís Pacheco. Alguns textos de Rui Zink e, principalmente, dois livrinhos de Sérgio Almeida, Análise Epistemológica da Treta (2003) e Armai-vos Uns aos Outros (2004) (Quasi Editores), tentaram, já no século XXI, prestar actual legitimidade ao romance satírico como modo crítico e mordaz de denúncia social. Superior em qualidade, é, no entanto, em Ambulância que a vertente satírica do romance português, confluindo com a tradição portuguesa da graça jocosa, a frase curta ao modo do epigrama faceto, o refrão trocista, a repetição pela semelhança fonética ao modo surrealista, o entremez escarnecedor e acutilante, numa palavra, o universo literário da farsa e da sátira se revê hoje como arma de arremesso contra os poderosos do mundo da política, do futebol, da Igreja e da construção civil.»
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